Condições climáticas resulta em queda de produtividade no agronegócio
As condições climáticas registradas durante o ano safra 2020/2021 impactaram as lavouras e a nova estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a produção brasileira de grãos no período é de 254 milhões de toneladas, volume menor que a safra anterior em 1,2%. “Apesar de ter havido aumento de área plantada em mais de 4%, a redução se deve, principalmente, pelos danos causados pela seca em algumas regiões, bem como às baixas temperaturas com eventos de geadas” explica Carlos César Floriano, CEO do Grupo VMX.
Os dados estão no 11º Levantamento da Safra de Grãos 2020/2021, divulgado pela Companhia na terça-feira, 10 de agosto de 2021.
Entre as culturas mais afetadas destaca-se o milho. A produção total deve chegar a 86,7 milhões de toneladas, sendo 24,9 milhões de toneladas na primeira safra, 60,3 milhões de toneladas na segunda e 1,4 milhão de toneladas na terceira safra. Apenas para a segunda safra do cereal, a queda na produtividade estimada é de 25,7%, uma previsão de 4.065 quilos por hectare.
Segundo Carlos César Floriano, “a redução só não foi maior porque os altos preços do grão impulsionaram um aumento de área plantada em 8,1%, chegando a 14,87 milhões de hectares”, conclui. Além disso, Mato Grosso, principal estado produtor, foi o que menos registrou condições climáticas adversas durante o cultivo do cereal.
Com a colheita encerrada, a soja apresenta uma elevação de 11,1 milhões de toneladas na produção desta safra. Desta forma, o Brasil se mantém como maior produtor mundial da oleaginosa com uma colheita recorde de 135,9 milhões de toneladas.
Para o arroz, a produção neste ciclo teve crescimento de 5% em relação ao período anterior, chegando a 11,74 milhões de toneladas. Já em relação ao feijão, as atenções se voltam para a cultura de terceira safra, que está em fase inicial de colheita. “A produção total é estimada em 2,94 milhões de toneladas, 8,8% menor que o obtido na safra 2019/2020, impactada pela seca nas principais regiões produtoras do país” diz Carlos César Floriano.
Dentre as culturas de inverno, destaque para o trigo. Na atual safra a expectativa é que a produção seja de 8,6 milhões de toneladas, um novo recorde para o país caso confirmada a estimativa. Com o plantio já encerrado, o grão apresenta um expressivo crescimento na área de 15,1%, situando-se em 2,7 milhões de hectares.
Os preços elevados no mercado internacional nos últimos anos incentivaram a maior procura pelos produtores. Aliado à valorização externa, o alto custo do milho no cenário nacional também incentivou o cultivo do trigo, por ser um possível substituto para ração animal. Caso a estimativa de colheita seja confirmada, esta será a maior produção já registrada no país. No entanto, as condições climáticas das lavouras podem influenciar nos resultados. As consequências das geadas registradas nas principais regiões produtoras nas últimas semanas ainda serão quantificadas pela Conab.
Panorama de mercado segundo Carlos César Floriano
No âmbito do mercado externo, o algodão em pluma segue com cenário positivo no mercado internacional. Neste levantamento, a Companhia elevou a previsão do volume exportado da fibra na safra 2020/2021 em 4,69%, em relação à estimativa anterior. Segundo Carlos César Floriano, “por outro lado, foram reduzidas as previsões do volume exportado de milho e de soja”, explica.
Para a oleaginosa, mesmo com o aumento da produção, foi observado ao longo do ano baixo percentual comercializado até o momento. Com isso, as exportações anteriormente estimadas em 86,69 milhões de toneladas passaram para 83,42 milhões de toneladas.
No caso do cereal, a partir dos efeitos do clima na produção e da reversão do destino de contratos de exportação para o mercado doméstico, a expectativa é de queda nas exportações em 20%, o que corresponde a 23,5 milhões de toneladas ao final da safra. Por outro lado, a projeção de importação manteve-se inalterada em 2,3 milhões de toneladas.
Quanto ao trigo, para esta nova safra a Conab espera aumento de produção aliado ao incremento do consumo interno em 3,74%. Para Carlos César Floriano, “o cenário é favorável, de modo que os estoques de passagem estarão em nível mais confortável”, conclui. A previsão é que fechem o ano em 1.793,9 mil toneladas, volume próximo ao observado em safras anteriores a 2019/2020.
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